Local
29/01/15
Mar avança no Conde
Os efeitos provocados pelo avanço do
mar na orla paraibana já são visíveis também no Litoral Sul do Estado. Na praia
de Carapibus, no Conde, Região Metropolitana de João Pessoa, a força das águas
do oceano está destruindo as barreiras que estão em avançado estado de erosão.
Alguns minutos de caminhada à beira-mar, é possível encontrar destroços de
construção civil decorrentes do processo natural, que em algumas extremidades
já derrubou muros de casas.
Morar em residências com vistas para
o mar é a realização do sonho de muitas pessoas, mas por conta do desgaste
natural, que tem atingido a costa, moradores de Carapibus estão apreensivos e
temem perder seus bens, a exemplo do bancário aposentado Fernando Souto, 51
anos.
Segundo Souto, há aproximadamente
sete anos, quando fez a aquisição de um imóvel de frente para o mar, a situação
era amena e ele acreditava que os prejuízos sofridos pelo meio ambiente fossem
demorar mais tempo até atingir a barreira, onde a casa que reside está localiza
a cerca de 30 metros. “Nós já estamos preocupados, assim como moradores
vizinhos.
Outro dia, informalmente, estávamos
conversando sobre a possibilidade de construirmos um muro de contenção com
sacos de areia e concreto para evitar que o mar avance mais e vá destruindo a
barreira aos poucos até alcançar nossas casas”, declarou.
A precaução prevista por esses
moradores ainda não foi tomada pelo poder público, o que resultou na erosão em
diversos trechos da praia. Em alguns casos, residências erguidas no topo das
barreiras já tiveram parte da estrutura desmoronada junto aos sedimentos da
superfície, deixando tijolos, restos de escadas e de outros materiais usados na
construção expostos na areia da praia.
De acordo com especialistas, é
justamente o avanço imobiliário em encostas que agravam a erosão por conta do
declive do terreno, que quando aliado ao longo processo de atrito das ondas e
marés com as falésias, acelera ainda mais o fenômeno. Com a degradação das
barreiras, além da perda para o meio ambiente e de bens materiais para os
moradores da região, outro problema surge: o risco aos banhistas.
Para a estudante Thaís Lucena, 21
anos, ao mesmo tempo em que o resto da barreira e das construções se acumulam
na areia e dificultam o trajeto à beira-mar, gera temor em quem passa pelo
local. “A paisagem é linda e um convite a uma caminhada na faixa de areia. Mas
no subconsciente, desperta o medo de que mais uma parte da barreira possa
voltar a cair, mesmo que pequenos pedaços, no momento em que nós banhistas
fazemos a travessia. É preciso realizar ações que evitem maiores danos”, sugeriu.
PREFEITURA NÃO TEM PROJETO
O secretário de Turismo e do Meio Ambiente do município do Conde, Alexandre Cunha, informou que atualmente não há nenhum projeto previsto para conter os danos na falésia de Carapibus, mas afirmou que existe a possibilidade de um estudo de toda área afetada. “Isso precisa ser feito juntamente aos demais órgãos ambientais competentes, como a Sudema (Superintendência de Administração do Meio Ambiente), para que haja a aprovação de possíveis obras de contenção da barreira, a exemplo da construção de gabiões”, disse.
O secretário de Turismo e do Meio Ambiente do município do Conde, Alexandre Cunha, informou que atualmente não há nenhum projeto previsto para conter os danos na falésia de Carapibus, mas afirmou que existe a possibilidade de um estudo de toda área afetada. “Isso precisa ser feito juntamente aos demais órgãos ambientais competentes, como a Sudema (Superintendência de Administração do Meio Ambiente), para que haja a aprovação de possíveis obras de contenção da barreira, a exemplo da construção de gabiões”, disse.
Alexandre Cunha, que também é
presidente do comitê do Projeto Orla do Conde, adiantou que esse grupo de
estudos já fez um levantamento sobre o local acerca das invasões de imóveis e
da própria falésia e que a partir de uma reunião do comitê, prevista para
depois do Carnaval, será avaliada a possibilidade de realizar algumas
intervenções. “Obras de contenção de barreira é algo que não tem um consenso
entre os ambientalistas. Enquanto uns enxergam a necessidade das ações, outros
acreditam que nada deve ser feito, pois a natureza deve seguir seu curso
normal. No entanto, como no comitê do Projeto Orla há membros de todos os
órgãos competentes, vamos nos reunir e ver a situação mais viável para que a
prefeitura possa aplicar ações efetivas no local, já que essa possibilidade
também precisa da aprovação do projeto”, observou.
Para o secretário, a erosão não é
proveniente apenas das construções dos imóveis no topo da barreira, “mas também
por ela se tratar de uma encosta viva, onde o solo é de argila e muito frágil”.
“Devido à proximidade com o mar, o avanço das marés vai fazendo a escavação na
parte de baixo da falésia, que com o passar do tempo a faz ir ao chão,
independentemente de ter, ou não, imóveis construídos”, pontuou.
Aelson
Ribeiro
Fonte: JAINE ALVES
e porque não a remoção
ou a proibição dessas construções a beira mar a 30 metros da praia?