Local
22/02/15
Paraíba tem sete mil foragidos
e internet auxilia polícia nas buscas
Por
meio do site, é possível ter acesso à imagem dos criminosos procurados pela
Polícia e denunciar a localização de acusados de homicídios e outros crimes
Quase 7 mil pessoas estão foragidas
na Paraíba, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Esse número inclui desde presos que não voltaram às
penitenciárias (principalmente os do regime semiaberto) a mandados em aberto,
aguardando cumprimento. São pessoas acusadas de furtos, roubos, homicídios,
estupros, e vários outros crimes, que continuam em liberdade, quando deveriam
estar presas.
A quantidade de mandados de prisão em aberto na Paraíba chega a ser superior ao
número de habitantes de alguns municípios do interior da Paraíba, como Aguiar
(5.580), Alcantil (5.425), Bom Sucesso e Nova Olinda (6.028), só para citar
alguns exemplos. O cadastro está disponível para consulta pública e pode ajudar
na captura dos criminosos pela polícia
Através do endereço eletrônico é
possível saber qual o tipo de crime cometido, a data de expedição e validade do
mandado e até o apelido da pessoa procurada, o que pode facilitar na
identificação. O site também permite visualizar a cópia do mandado de prisão.
Dentre os procurados em João Pessoa está Ednaldo Silva dos Santos, conhecido
como Naldinho ou Soneca. Segundo o CNJ, ele é acusado de homicídio qualificado,
com mandado expedido em setembro de 2013. Outro procurado é Paulo Ricardo Nunes
de Brito, conhecido como Dez Centavos e Carrapicho, que responde por porte de
arma de fogo. Contra ele foi expedido o mandado de prisão preventiva. A
consulta foi realizada no dia 12 deste mês.
Em Campina Grande são 1.216 procurados, dentre os quais Carlos Emanoel Alves de
Lima, conhecido como 'Carlinhos Galego', que teve prisão preventiva decretada
em maio de 2013. De acordo com o CNJ, o homem é procurado pela prática de
homicídio qualificado. Outro procurado é José Fernandes da Cunha Filho,
conhecido como 'Bodão', também acusado de homicídio qualificado. A prisão
preventiva foi decretada em março de 2013, com validade até 2041. Por estupro
de vulnerável, a polícia procura Pedro Adelino dos Santos, 'Pedro do Café',
cujo mandado de prisão foi expedido em julho de 2013.
O delegado-geral da Polícia Civil da
Paraíba, João Alves de Albuquerque, disse que a polícia tem concentrado
esforços para conseguir cumprir o máximo possível de mandados de prisão e
colocar os criminosos atrás das grades. Segundo ele, a polícia Civil tem uma
forte parceria com a Militar, o que proporciona resultado positivo no
cumprimento dos mandados, embora o efetivo policial não seja o ideal no Estado.
De acordo com Albuquerque, a Polícia Civil também não tem enfrentado
dificuldade de relacionamento com o Poder Judiciário, responsável pela
expedição de mandados. “Temos uma relação muito harmoniosa, o que favorece o
nosso trabalho”, destacou. Só no início de fevereiro, segundo o delegado-geral,
foram cumpridos mais de 20 mandados de prisão em operações realizadas no interior
do Estado.
Albuquerque disse ainda que o empenho da população em colaborar com a polícia é
de fundamental importância. “O cidadão pode ajudar muito a polícia através de
denúncias feitas pela 197. A ligação é gratuita e o sigilo é garantido. A informação
repassada pela população é muito valiosa, pois através desse contato podemos
ter conhecimento de onde se encontram pessoas foragidas da Justiça e efetuar as
prisões”, afirmou.
Mais de 1,7 mil fugiram do sistema penitenciário
O número de foragidos dos presídios na Paraíba também preocupa. Entre os anos
de 2011 e 2014, foram 1.766 evadidos do sistema penitenciário e procurados pela
Justiça, conforme dados do Centro de Operações Penitenciárias (Copen) da
Secretaria de Administração Penitenciária do Estado (Seap). Todo eles são dos
regimes fechado, semiaberto e aberto. Somente no ano passado nove presos
fugiram enquanto cumpriam pena no regime fechado, o mais rígido aplicado pela
legislação brasileira. O número de presos foragidos dos regimes aberto e
semiaberto não foi informado pelo Copen.
Segundo o juiz da Vara de Execuções Criminais do Tribunal de Justiça da Paraíba
(TJPB), Carlos Neves, muitos dos prisioneiros que escapam do sistema
penitenciário são do regime semiaberto ou estão em liberdade condicional.
"Por não serem recolhidos permanentemente nas celas, eles estão em regime
de semiliberdade e têm que se apresentar diariamente nas penitenciárias.
Acontece que alguns acabam não retornando. Eles passam a ser considerados
foragidos quando descumprem a determinação", explicou.
Conforme a lei brasileira, os apenados do regime semiaberto têm permissão para
passar o dia fora das penitenciárias ou cadeias para trabalhar, mas devem
voltar até às 20h para dormir. Já os do regime aberto só retornam nos finais de
semana, feriados nacionais, e ainda têm restrição de horário para dormir, que é
às 22h. Os presos do regime fechado ficam reclusos da sociedade. Eles podem
receber visitas e saem apenas para hospitais ou audiências, conforme determina
a legislação brasileira.
No ano passado, 117 foragidos do sistema penitenciário da Paraíba foram
recapturados, conforme dados do Copen. Para fazer a recaptura dos
apenados fugitivos, as polícias Militar e Civil do Estado utilizam táticas
diferentes de investigação e abordagem.
A Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds), informou, por
meio da assessoria de imprensa, que não tem controle direto sobre a lista de
pessoas foragidas, e que esse papel cabe ao Tribunal de Justiça da Paraíba
(TJ-PB). À Seds, ainda de acordo com a assessoria, cabe o cumprimento dos
mandados de prisão que constam no banco de dados. A secretaria reforçou o apelo
para que a população colabore com o trabalho da polícia, denunciando através do
190 ou do 197.
Aelson
Ribeiro
Fonte: VALÉRIA SINÉSIO