Homem confessa ser ‘laranja’ de
gráfica contratada por Dilma e Temer em 2014
Para a Polícia Federal,
pelo menos 3 gráficas que prestaram serviços para a campanha de Dilma
Rousseff e Michel Temer em 2014 foram usadas para desviar dinheiro. Uma pessoa,
supostamente contratada pela gráfica Focal, disse “não se recordar” de um
pagamento de R$ 105 mil. Outro confessou à PF ser “laranja” de Carlos
Cortegoso, dono da empresa.
Os dados constam de um
relatório elaborado pela Polícia Federal a pedido do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
A peça é resultado de
uma operação deflagrada no dia 27 de dezembro. Foi entregue na última 4ª feira
(18.jan) ao relator do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no
TSE, ministro Herman Benjamin, e está sob sigilo.
Leia aqui a íntegra do
relatório.
Segundo o documento
da Polícia Federal, 3 gráficas (VTPB, Focal e Rede Seg) contratadas pela
campanha não provaram ter realizado os serviços pagos. Parte do dinheiro teria
seguido para supostos “laranjas” e empresas de fachada. Ao todo, as 3
receberam R$ 56 milhões da campanha.
Na apuração, os
policiais federais foram atrás de organizações e pessoas que receberam
dinheiro das gráficas, conforme mostrou a quebra do sigilo bancário das 3
empresas. Encontraram, entre outros, os seguintes casos:
“Jonathan [Gomes
Bastos] confessou ter sido utilizado como “laranja” por Carlos Roberto
Cortegoso [dono da empresa Focal], como sócio em duas empresas que prestaram
serviços em campanhas eleitorais, foi totalmente inequívoca por parte de
Jonathan, que deve confirmar tais alegações em qualquer juízo. O que inclusive
pode ser confirmado com obtenção de cópia do processo cível movido por Jonathan
contra Cortegoso em Vara de São Bernardo do Campo/SP” (pág. 28).
“Fabiana de Oliveira
Carvalho informou que não se recorda de ter recebido o valor de R$ 105.000,00
(cento e cinco mil reais) da empresa Focal LTDA. Disse não se lembrar de ter
prestado serviços para a referida empresa e que não conhece os sócios e os
administradores da Focal LTDA” (pág. 23).
“Quando indagado
diretamente sobre por qual motivo a empresa Rodozani [de transportes] recebeu
da Rede Seg mais de R$ 900 mil, o declarante disse que desconhece esse dado e
corroborou que não houve prestação de serviço” (pág. 11).
“Constatou-se que a
empresa Elototal é varejista no fornecimento de materiais plásticos em geral,
não sendo prestadora de serviço [gráfico], embora registre na análise de sigilo
bancário ter recebido mais de R$ 2,300,000.00 da empresa VTPB” (pág. 18).
“De acordo com as
entrevistas realizadas com as pessoas acima indicadas [os recebedores do
dinheiro], os valores recebidos por Leda Aparecida de Assis, Eneida Dos Reis
Assis e Weberton Felipe Assis Faria (total de R$ 532 mil) teriam sido em
decorrência da venda de uma gleba de terra no ano de 2014 a Beckembauer
Rivelino [VTPB], não havendo relação com serviços gráficos a campanha eleitoral
de 2014” (pág.20).
O relatório da PF cita
ainda algumas poucas empresas subcontratadas e que comprovaram ter realizado os
serviços. Para os policiais, porém, a maior parte do valor destinado às
organizações acabou desviado.
“A análise conjunta dos
dados, a convergência dos indícios e a interpretação dos elementos colhidos (…)
permitem concluir que há prova de que parte significativa dos valores
oficialmente apresentados como destinados ao pagamento de serviços gráficos em
prol de campanha de candidato à presidência da República em 2014 não foi, de
fato, direcionado a essa atividade”, conclui a PF.
O relatório contradiz
ainda o tesoureiro de Dilma em 2014 e atual prefeito de Araraquara (SP), o
petista Edinho Silva. Ao TSE, Edinho chegou a dizer que VTPB, Focal e Rede Seg
podem até ter subcontratado outras empresas, mas que tudo se tratava
apenas de uma “estratégia tributária”.
Os delegados anotam
ainda que “há indícios convergentes da ocorrência de fatos com repercussão na
seara criminal”.
O documento é parte de
uma ação movida pelo PSDB no TSE, que investiga se a chapa de Dilma e Temer em
2014 cometeu crimes como abuso de poder. No limite, o processo pode resultar na
cassação do mandato de Temer.
OUTRO LADO
O Palácio do Planalto
disse que Michel Temer não iria se manifestar sobre o assunto.
A defesa de Dilma
Rousseff disse, à TV Globo, que todos os serviços contratados pela campanha
foram devidamente prestados, e ressaltou que as contas de Dilma em 2014 foram
aprovadas pelo TSE.
O PMDB emitiu nota
sobre o caso. “O PMDB reitera que sempre recebeu doações de campanha dentro das
leis vigentes e que está à disposição para prestar as explicações aos órgãos
competentes, toda vez que solicitado”. O PT também disse, à Globo, que todas as
operações do partido seguiram a lei.
Rede Seg e VTPB
disseram, também à Globo, ter comprovado a prestação dos serviços.
Fonte:
Poder 360
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